quinta-feira, 30 de junho de 2016
Se espalhou sobre a galáxia de lençóis
O universo era uma cama de
lençóis brancos.
Eu, cosmonauta impávido
de joelhos sobre o campo alvo
enquanto ela, ao lado
cientista atenta em seu experimento
era só movimento de mãos
no ritmo
cadenciado
e firme
que só o dos planetas teria.
Então tudo se torna
explosão e
energia liberada
supernova- em termos astronômicos
e de fato láctea
a via
de estrelas
se espalhou sobre a galáxia
de lençóis.
sábado, 25 de junho de 2016
Revisitando Copacabana
20/ 06/ 16
Não teria sido coincidênciao dia estar chuvoso
e o céu
daquele chumbo-leitoso
das lembranças.
É que rever os lugares
de três décadas atrás
exigia um dia
assim.
O céu de chumbo-leitoso
combinando com o amarelo-desmaiado
quase bege
do prédio que paira sobre a praça
evocando memórias antigas
de presépios.
Ou com a fachada do velho colégio
não mais o
vermelho-tijolo
da infância.
E que cor teria,
a fachada da loja que
já não existe?
Galerias
comércios perdidos na memória
- ali era uma quitanda.
O dia estar chuvoso
não foi coincidência:
a esquina da Tonelero
com a Santa Clara pedia assim
para que os prédios adquirissem
essa sobriedade
de medievo europeu.
E para que, no Bairro Peixoto,
os olhos marejassem-
pensou que só o céu estava
nublado?
Pois também os olhos
ao verem
que na praça
os brinquedos
estão
no mesmo
lugar.
Alguma coisa mudou, é verdade.
Nós, inclusive?
Para melhor
ou pior?
Encanecidos
engolimos as lembranças
e voltamos ao metrô.
O lugar está lá, eu sei
o consolo é este-
não geográfico
mas, na alma
cada lugarzinho
está marcado.
E o metrô é o arrastar
de tudo
com as memórias
o passo apressado ao
túmulo,
dissera Henry Miller.
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