terça-feira, 24 de janeiro de 2017
E as pétalas desabrochadas
Ela se deita sobre mim
leve tal brisa
folha de outono plainando
em tarde dourada.
E as pétalas desabrochadas
sobre meu rosto
agora já flor primaveril
ofertando mel
à abelha
da minha língua.
E sob a investida
incansável
da abelha
a leveza se faz peso
grunhidos e tremores.
Saciamos a vontade
-flor generosa-
de mel que é abundante
ela de novo já pluma
e sorri, refeita, brisa morena
na tarde de outono.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
Alegremente nos perdemos
Dos manuscritos de Abu Tawhid
circa 493- 596 Anno Hegirae
é haram, bem o sei:
quando ela decididamente
afasta
o véu
e, sem tirar os olhos
dos meus
desce ao minarete da minha carne
lábios e língua
vorazes
haram, mas o que fazer
senão
fechar os olhos
em silêncio, a prece murmurada
entre gemidos
e suspiros
a carne é fraca,
-astaghfirullah!
e entre gemidos
e suspiros
numa boca de moura
alegremente
nos perdemos
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
Se desmancha em brisa cálida
Dos manuscritos de Abu Tawhid
circa 493- 596 Anno Hegirae
Dissolver-se
no oceano do não-ser
átomos se dispersam
como, no mar
das ondas a espuma
se desmancha
em brisa cálida.
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Pequeno conto bancário
É silêncio, salvo
o ruído da máquina registradora.
Às vezes vozes da rua
apressadas ecoando
ou ainda sussurros
na mesa do gerente.
Ilusório
o reino do capital financeiro:
por baixo do silêncio da agência
choro e ranger de dentes
dos endividados.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Também em ruínas talvez eu
Tomei todas de tristeza
aliteração
desproposital
sob o campanário da igreja
e mal conservados
edifícios.
Também em ruínas
talvez eu
observando, da mesa de bar
antigas sacadas
de tempos mais simples.
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