sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Minha paixão escondi dos meus juízes


 Poemas alheios

Capítulo XIII do "Tarjuman al-Ashwaq",
do Shaykh al-Akbar [Grande Mestre]
Ibn al-Arabi
a partir da versão em inglês 
de R. A. Nicholson

Um pássaro triste canta,
e tal canto
pesaroso caiu
sobre um
melancólico amante.

Dos olhos de todos
jorram as lágrimas
fontes fossem.

Falo com ela, enlutada estava, pela perda
de seu filho único;
que enlutado é o estado
de todos que
o filho único perderam.

Falo com ela
com o amargo Pesar entre nós;
eu a via claramente,
ainda que invisível estivesse.

E queimava-me o desejo
e o anelo amoroso das 
arenosas paragens de 'Álij,
onde ficavam ela e suas tendas,
e suas donzelas
de olhos penetrantes como espadas.

Mantive ocultas minhas lágrimas,
e, minha paixão,
escondi dos meus juízes

até que o grasnar do corvo
anunciasse suas partidas,
denunciando, assim,
minha sofrida dor de apaixonado.

Seguiram
a jornada pela noite. 

Sob arreios seus camelos choravam,
como eu sob o peso do amor.

Ah! Se é fatal a dor do amor 
quando 
separados do amado,

é luz, ainda que também seja dor, 
o amor 
quando estamos juntos. 

Não me culpem por desejá-la. 

Será minha bem-amada,
por onde quer que vá. 


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