Capítulo XI do "Tarjuman al-Ashwaq",
de R. A. Nicholson
Pássaros nas árvores
se somam ao meu lamento.
Silêncio! Não reveleis com vosso canto
meus secretos anseios e pesares.
Falo com ela na véspera, em voz chorosa
de amante apaixonado.
Os espíritos me apontam os dedos
e isso me aniquila,
atormentado de desejo
e paixão insatisfeita.
Onde, as promessas de Jam' e de al-Muhassab?
Onde, de Dhát al-Athl e Na'mán?
Rodeiam meu coração a cada momento
em amor e angústia,
abalando meus pilares.
Mesmo o melhor dos homens
beijou a pedra da Caaba,
ainda que profeta fosse.
E o que é o templo comparado
com a dignidade do homem?
Juraram não mudar
mas ela não mantém promessas.
E das coisas mais maravilhosas é ela,
como uma gazela em véus
apontando o caminho com seus dedos incisivos
e olhos brilhantes.
Uma gazela cujo pasto
está no lado esquerdo do meu peito.
Que assombro! Um jardim
em chamas.
Este meu coração
que se tornou capaz de muitas formas:
— é um pasto para as gazelas
e um mosteiro cristão,
templo para idólatras
e Caaba do peregrino
as mesas da Torá
e o livro do Corão.
Sigo a religião do amor:
por onde quer que seus camelos sigam
lá estão minha religião e fé.
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